Homem de Areia, um poema de Enzzo Mallcon
- Daniela Delias
- 21 de nov. de 2022
- 1 min de leitura

Imagem: https://pin.it/e28Mt6c
Olho para os relógios, mas não me vejo neles
Ativo os alarmes, mas me recordo que estou para sempre atrasado
Compro lembretes em papel,
mas relembro que não fui o primeiro
e nem o último a tentar observar as areias
das dunas dentro de suas ampulhetas.
Quão tolo! Percebo que foi aquela areia
que gravitacionalmente voou e o tempo demarcou
que pela fresta da porta do meu quarto um dia o adentrou.
Areia que enxerga o tempo, mas o tempo não a enxerga.
Homem que não tinha mais tempo para os seus relógios empoeirados,
mas tinha tempo para deitar-se sobre a areia.
Tempo que não tinha mais homens para ver a areia em seus relógios
O que os homens fariam quando seus ponteiros
negassem que suas areias possuem tempo?!
Seria certo que ajustassem os seus relógios comprados?!
Poderiam eles notar que em algum momento
teriam que ter tempo para se tornar areia?!
Quando finalmente aceitariam que já foram a areia que o tempo demarca?!
Quanto tempo falta para que estes versos arenosos
se tornem o tempo demarcado pela areia?!
Dou às areias tempo para pensar!
Dei tempo de mim, o homem de areia (...)
...
Enzzo Mallcon é estudante de Psicologia pela FURG, integrante da comissão cultural do CApsi, aprendiz da beleza que é exercer a abertura ao novo, amante da jornada que é desvendar os mitos pessoais que constituem o inconsciente pessoal e coletivo, e artista visual nas horas vagas.
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