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Azaleia para erva de passarinho, de Andréia Pires, por Daniela Delias



Imagem: Andréia Pires



“O que faz isso aqui, se não temos nem somos passarinhos"? Palavra, para quem escreve, parece erva daninha agarrada ao tronco. Pergunta queimando a garganta. Palavra, quando inquieta, é deserto também. Mas “toda pessoa no deserto tem uma pá de escavar profundo”. Há quem só tenha fome de areia. Há quem só tenha uma colher. Dito isso, tem-se, aqui, “um ponto de partida para qualquer céu”: Azaleia para erva de passarinho, de Andréia Pires, um livro que reúne a força e a delicadeza de uma escrita que se parte em outras, infinitamente, com admirável zelo poético.


Do lado de dentro de cada conto, nenhum sentido se entrega facilmente, nem por herança. Talvez porque a realidade só seja possível se apreendida em seus avessos, feito um céu que só existisse se carregado nas costas. Entre as mãos sujas das meninas que enterram suas bonecas e a memória do homem que guarda sua maior riqueza no centro de uma câmara escura, palavra é, sobretudo, fotografia que não se revela.


Como diz o título de um dos contos, que bonito seria se pudesse voar. As janelas que, em Azaleia para erva de passarinho, se abrem para um último voo noturno são as mesmas que, delicadamente, recebem, em dias de sol, um deus sem pressa a quem se oferece canções e nacos miúdos de maçãs.


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Daniela Delias é professora do Curso de Psicologia da FURG, coordenadora do NUPEBI (2007-2022) e do NUPPADES (2022-), apaixonada por psicanálise e arte. Autora dos livros de poesia Boneca russa em casa de silêncios e Nunca estivemos em Ítaca (Patuá 2012/2015) e Alice e os dias (Concha/2019). Nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul. Mora na Praia do Cassino, em Rio Grande, onde vive a fotografar


Sobre o livro:

Título: Azaleia para erva de passarinho

Autora: Andréia Pires

Gênero: Contos

Número de páginas: 104

Formato: 15x21cm

Editora: Concha

Ano: 2017



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